DEPOIMENTOS

20/09/2011 21:28

Este depoimento foi tirado de um blog. Todo crédito deve-se ao autor.

 

Gostei muito deste depoimento porque me identifico muito com ele. Tenho certeza que se tratarmos esse problema com a devida importância encontraremos muitos outros indivíduos que se vêem presos nesta teia.

OBS.: Não tive a preocupação de editar nenhum texto retirado do blog devido a sua autenticidade. Mesmo assim vale a pena confefir. Veja logo abaixo !!

 

 

O PIOR

E assim chegamos ao ponto de virada, para o mal ou para o bem, mas que era inevitável.

Para completar todo o amontoado de erros e atitudes reprováveis de todos esses meses ainda fiz mais uma grande merda. Também descobri a pouco tempo que os jogadores compulsivos tem pouca ou nenhuma habilidade pra tratar com dinheiro, simplesmente porque fantasiamos uma situação de reviravolta mágica na nossa vida, e isso pode alcançar absolutamente qualquer esfera. Não falei sobre a realidade do buraco financeiro do casal, esperando que tudo se resolveria logo, sem ajuda nenhuma dela ou de outras pessoas (que já estavam nos ajudando).

Quando jogava sem parar na época da faculdade eu imaginava um momento em que eu pararia de uma hora pra outra, bem a tempo de retomar as aulas e terminar tudo no último semestre antes de ser jubilado, tudo acontecendo como um grande retorno triunfal.

Enquanto jogava mais do que devia no trabalho sempre me apoiei no fato de conseguir terminar tudo antes do prazo, mesmo tendo que correr desesperadamente para que isso se tornasse realidade, comprometendo um pouco a saúde física e mental.

Por conta de deslizes financeiros adquirimos uma certa dívida, e eu imediatamente comecei a esconder isso de todos, até de mim, com a certeza que uma hora tudo seria resolvido magicamente com um dinheiro extra do trabalho, um aumento, e quem sabe até uma vitória de uma em um milhão em jogos de poker online. Corri muito atrás de extras e aumentos, e consegui algumas vezes, mas nunca o suficiente. Cobria uma parte, mas não tudo. Consegui também malditas vitórias nos Freerools (jogos gratuitos) que me deram um dinheiro real no jogo. Digo malditas porquê se não tivesse ganho nada, pelo menos desse jogo eu tinha me livrado mais facilmente.

Nos falta a percepção da realidade. Nos falta ver que não existe mágica no mundo real, não existem reviravoltas se não corrermos atrás, não existe "o escolhido", e muito menos somos nós esses escolhidos. Nossos personagens de jogos são os escolhidos, conseguem salvar mundos, conseguem sair de situações dificílimas, e se não conseguirem ... load game, começar de novo, mudar de jogo, etc; só que isso não é possível na vida real. Se pegarmos a quantidade de vezes que fazemos coisas erradas em um jogo ou perdemos tudo, e fazer 1% disso na vida real, já será mais besteira do que muitos dos piores seres humanos fizeram.

Eu sempre brinquei com o fato de me achar megalomaníaco, mas quando isso se aplica a esse mundo real de sonhos, as consequências são catastróficas. Não existe se enfiar num buraco financeiro e sair por mágica. Não existe perder "o" casamento da vida e se sentir normal com isso porquê é possível voltar atrás e não perdê-lo. Não existe ser expulso da faculdade e de repente todos lembrarem em como você é bom e deixarem você tentar por mais um par de anos. Você pode se achar o quanto você quiser, mas as coisas só acontecem uma vez na vida real. UMA chance de ter um casamento perfeito, UMA chance de fazer uma faculdade na época certa, UMA chance de não se jogar no precipício dos empréstimos bancários.

A mágica do mundo real é diferente. Ela está nas pequenas coisas da vida, como ficar na rede com a esposa curtindo a chuva, rolar com os cachorros no sofá tomando mordidas e também dando umas , acordar todo dia do lado de quem você ama. Ela também está nas coisas grandes, que acontecem só uma vez, como o primeiro emprego ou o casamento. Agora salvar tudo no último segundo, dar a volta por cima quando tudo está uma merda gigante ou perder tudo e conseguir de volta em um piscar de olhos, isso não existe. Existe até nos filmes, mas as histórias disso na vida real são de uma em um bilhão, e não espere que a chance disso acontecer com você seja maior do que a do seu colega de trabalho, seu vizinho ou até mesmo aquele seu conhecido que você gostaria de ver morto. Você não é "o" escolhido. Não existem "neos" no mundo real. É duro, mas é verdade. EU NÃO SOU MELHOR QUE NINGUÉM.

Quando você passa muito tempo jogando você é envolvido pela atmosfera irreal do jogo, você começa a se sentir o melhor dos homens e que é capaz de tudo. Para as pessoas sem a compulsão, a doença, isso acaba no exato momento em que elas desligam os jogos, mas eu acredito que ela se mantenha, mesmo que subconscientemente, na nossa mente. Cada vez mais nos sentimos prontos pra tudo, que nada nos abala, e que somos mais esclarecidos que todo o resto da humanidade, que vemos coisas que ninguém mais vê, resumindo, que nos tornamos os personagens que jogamos.

Agora, olhando pra trás, tenho a sensação de que isso é exatamente o que aconteceu. Passei muito tempo conectado à realidade, sem fantasias sobre mim, sem mergulhar no mundo dos sonhos, até que comecei a jogar mais pesadamente, terminar inúmeros jogos em tempo recorde, e isso começou a afetar a minha percepção da realidade. Eu podia tudo. E tudo isso só foi totalmente distorcido quando eu voltei a jogar. E no círculo vicioso de fugir da realidade por causa das dificuldades por meio dos jogos eletrônicos, e jogar causando distorções na minha percepção, eu comecei a ficar cada vez mais perdido. Eu era de fato duas pessoas. A única coisa que me manteve ligado à realidade foi minha esposa, a nossa ligação ...

Há mais ou menos uma semana contei pra ela sobre a situação financeira e minha recaída. Não foi um ato de extrema bravura não. Não fui consciente e decidi que era a hora de contar. Não tenho mais ilusões a respeito de quão forte eu acho que eu sou. Vinha há muito tempo tentando encontrar forças pra falar de tudo, inventando desculpas de porque esse ou aquele momento do passado não era a hora certa, de porque era melhor esperar mais uma semana. O fato é que com tudo o que eu ia escondendo, uma hora uma ponta ia ficar aparente, e foi o que aconteceu. Não queria mais esconder, não podia mais esconder. Seu eu inventasse mais uma desculpa qualquer para esta ponta, não ia sobrar mais nada em mim mesmo que eu respeitasse. Eu já havia me tornado algo totalmente indigno de respeito, pelo menos por parte dela.

Naquela hora eu decidi que precisava fazer a coisa mais difícil da minha vida. Falar sobre o que vinha acontecendo, sobre o que eu vinha escondendo. Eu me desconectei. Era outra pessoa contando tudo, pois eu mesmo não tinha forças. Eu não chorei, eu não pensei duas vezes, eu fui embora e deixei alguém falando no meu lugar. Simplesmente aquele momento, aqueles poucos minutos podiam acabar com tudo, não sobrar nada ...

Você ver tudo o que você mais preza, tudo o que você via todos os dias do que você considera os anos mais felizes da sua vida nos olhos dela, desaparecerem de uma hora pra outra, por única e exclusivamente sua culpa. Ver que você destruiu algo perfeito, dentro da pessoa perfeita ... Tive a certeza absoluta que é nesse momento que muita gente toma a decisão final mais errada que uma pessoa deveria tomar. Acabar com tudo não te ajuda a resolver os problemas, pois se você fizer isso, os problemas apenas continuam lá, sem ninguém pra resolver. Acabar com você mesmo é acabar com as chances de se arrumar tudo. Por menores que pareçam, as chances sempre estão lá.

Hoje eu estou com muito medo. Medo por nós, medo do jogo, medo de ser uma pessoa diferente do que eu me vi até hoje. Só tenho certeza de uma coisa, que preciso mudar. Se eu não era a pessoa que acreditava ser, vou passar a ser ela. Seu eu sou, mas deixava que o jogo periodicamente me transformasse, então não vou deixar mais. Não posso deixar mais.

Estou em completa suspensão. Não sei o que vai acontecer, não sei direito nem o que aconteceu. Como eu disse, parece que foi com outra pessoa. Me sinto etéreo, vazio. Não tenho mais confiança em nada a meu respeito. Não conheço a pessoa que fez tudo o que eu fiz. Tudo o que eu acho que pode ser uma resposta considero apenas uma desculpa esfarrapada para a quantidade de merda que eu fiz. Só quero recuperar minha sanidade, meu amor próprio. Sempre disse que se você não se ama, como é que você pode acreditar que alguém pode amar você. E hoje definitivamente eu não me amo.

Mas estou conseguindo ver tudo um pouco mais lucidamente, pois a dose de realidade, a visão de que posso ter jogado tudo fora por causa do jogo, por ter me permitido voltar a jogar, expulsaram a megalomania, a sensação de poder tudo, para muuuito longe. Hoje tenho a exata noção de como sou pequeno perto do mundo, de como não sou diferente de absolutamente ninguém e de que posso pôr tudo irremediavelmente a perder por um ato impensado. Eu preciso enxergar as coisas como elas são, e não como eu acho que elas são ou que elas possam se tornar porquê eu me considero diferentes dos outros, ou me considerava.

Não sei qual o meu futuro, só sei qual o meu presente. Já tentei por 8 anos vencer isso sozinho, e não consegui. Acho que isso coloca muito esse problema em perspectiva. Primeiro porquê não existe vencer, não existe consertar, não existe arrumar, existe apenas controlar, e mesmo assim, nestes 8 anos consegui controlar por menos da metade desse tempo. Hoje sei que tenho que mudar, e que não posso fazer isso sozinho. Vou fazer isso com minha esposa, se nós continuarmos juntos, com meus pais pois já escondi muito deles, e eles não merecem isso, e com ajuda profissional ou de outras pessoas que passem pelo mesmo problema, ou parecido.

Eu tenho uma doença que é incurável, que me afeta e às pessoas do meu convívio, e que eu tenho que aprender a manter sob controle. Quanto mais eu falo a respeito, quanto mais eu conto como eu me sinto para outras pessoas, mais fácil é conseguir aceitar isso. Acho que esse é todo o motivo desse blog. Escrever ajuda a organizar o raciocínio, ajuda a me entender, e como ainda falta muito para que eu me entenda, vou escrever muito ainda. Não se se aqui ou apenas no meu computador, para mim. Mas tenho certeza que só pondo pra fora é que vou chegar em algum lugar.

 

JOGADORES ANÔNIMOS

 

 

Motivado pelos comentários em alguns posts vou começar a escrever novamente aqui. Espero que além de me ajudar, tudo o que escrevo possa vir a ajudar pessoas que passem pelo mesmo problema, mesmo que esse não seja o objetivo final do blog. Mas se mais alguém se identificar com o que eu passei e passo e isso ajudar a ver que essa pessoa não é uma aberração, não está sozinha e que esse é um problema real e sério que muitos passamos, então terá valido mais a pena ainda. Não desejo esse problema, essa doença, para realmente mais ninguém, mas desejo que todos que a possuem tenham consciência disso, para que não afete suas vidas como afetou a minha.

Muita coisa aconteceu nessas semanas. O clima em casa já esteve ótimo e já esteve novamente horrível, com idas e vindas, imagino, esperadas. Tensões extras com vestibular, morte na família, problemas de saúde com os cachorros, tudo se acumulando nesse começo de ano. Continuo acreditando que o tempo pode curar todas as feridas, mas acho que isso hoje é mais uma esperança do que um crença. Eu gostaria muito, muito mesmo, mas já não sei dizer se um dias as coisas voltarão a ser como eram. Minha esposa é muito forte, mas está sendo realmente difícil para ela. A única coisa que posso fazer, e continuar fazendo, dia após dia, é não esconder mais nada, falar das minhas angústias e deslizes, falar de tudo. Acho que quando se passarem alguns anos sem surpresas desagradáveis nós dois passemos a acreditar que nada nem remotamente parecido acontecerá novamente.

Eu era quase perfeito na visão dela, como ela fazia questão de me dizer sempre, e ouvir isso de que você considera que seja perfeito é uma das maiores felicidades que você pode ter. Isso eu tinha alcançado apenas sendo eu mesmo, o que é mais fantástico ainda. E agora isso está destruído. Eu tenho uma doença emocional, e eu escondi minha recaída. Isso me tornou bem distante de perfeito. Hoje tento dia após dia resgatar meu amor próprio, resgatar meu respeito próprio, porque só assim será possível retomar a vida de onde ela parou, alguns meses atrás. Quem sabe um dia eu possa chegar perto de novo de se perfeito para ela. Ou pelo menos ser digno. Espero que minha doença não acabe com o que a gente tem, ou tinha.

Bom, voltando ao tópico depois de desabafos, logo depois de contar para ela que eu tinha tido uma recaída, ela mencionou o JA (Jogadores Anônimos - link na lateral do blog), uma reunião como as da AA (Alcoólicos Anonimos), mas para jogadores compulsivos. Na primeira reunião na minha cidade fui até lá para conhecer.

Eu estava um tanto desconfiado da necessidade de participar das reuniões, de discutir problemas que não são exatamente da mesma espécie, mas alguma coisa tinha que mudar na minha vida. Estava bastante óbvio que eu não tinha mais força pra sozinho manter o jogo sob controle. Como ainda não posso fazer terapia particular e como o JA é tão absolutamente unanimidade entre seus participantes, fui para lá. Mas por inércia que por convicção. Estava com bastante medo de não ser bem recebido, mas todos somos jogadores compulsivos ali, independente da natureza do jogo. Existem jogadores de bingo, loteria, maquininha de bingo e o primeiro caso de jogos eletrônicos fui eu.

Num dos comentários dos outros posts vi que existe um movimento no Rio de Janeiro para se montar uma sala específica para jogos de entretenimento, o que seria excepcional. Como eu venho repetindo, é um problema grave e que ainda não é tratado com a seriedade necessária. A diferença entre uma sala de JA convencional e uma específica para o meu problema seria média, já que metade da terapia em JA é falar e metade é ouvir.

Quando você fala a respeito (ou escreve), você tira um peso das costas. Aquilo não fica mais consumindo 90% do seu pensamento. Não desaparece, obviamente, mas você consegue se distanciar um pouco, e se concentrar nas tarefas do dia ou em outras angústias. Nas reuniões de JA você tem o espaço para falar livremente sobre seus problemas com a certeza de que vai ser bem compreendido. E não é preciso se sentir deslocado (digo isso mas eu ainda me sinto bastante), pois como disse uma participante para mim: "nós perdemos algo que é possível ser recuperado, mesmo que difícil, que é o dinheiro. Você perdeu tempo, e isso não se recupera". Isso me tocou bastante e me ajudou a ver que todos em JA estão preocupados com o retorno a uma vida saudável e sem vício, independente do tipo de vício.

Quando você ouve outras histórias sobre a compulsão, que são mais graves ou menos graves que a sua, diferentes em sua natureza mas idênticas em sua essência, você acaba se sentindo inspirado a não jogar nunca mais. Obviamente não posso citar nenhuma história aqui, mas existe uma realidade de jogadores compulsivos que nós não imaginamos até ouvir da pessoa que está falando ali na frente que aconteceu com ela. O mais motivador é ouvir como viver um dia após o outro, sem pressa e abstinente, acumulando um mês, dois, três, seis, um ano, dois anos, etc mudou a vida delas, e é isso que eu quero pra mim. Não voltar a ficar alienado, não voltar a deixar o jogo tirar ou, se deus quiser, quase tirar tudo o que é mais importante na minha vida. Já tirou várias coisas, mas ainda tenho a esperança, e isso ele não conseguiu tirar de mim, e é nisso que eu vou me apoiar, abraçar, agarrar e fazer com que tudo volte ao normal.

Fui em duas reuniões na primeira semana, e depois acabaram se somando os problemas que citei no começo com algumas desculpas, e faltei em quatro. Voltei ontem à uma reunião, com novos participantes e energia renovada. O ambiente está menos estranho, já me sinto mais confortável. Não tanto de falar, pois ainda tenho medo de ser mal recebido (o que, repito, é ao mesmo tempo normal e absurdo), mas falar e escutar me dá forças para não jogar.

Joguei praticamente nada nesse tempo, mas joguei, com a desculpa de pressão por problemas pessoais. Isso parece inofensivo, mas é perigoso. É como brincar de tonto (aquela brincadeira onde você coloca um bastão com 1 metro de altura com a ponta no chão, encosta a testa na outra ponta, e fica rodando em volta dele uma 15 vezes, depois levanta e sai andando) na beira de um precipício. Talvez não seja nada, mas talvez acabe com tudo.

Sendo assim, reiniciei minha contagem de dias de abstenção, e vou reiniciar sempre que jogar qualquer jogo eletrônico, pois talvez até um dia eu possa vir a jogar com a minha esposa ou bater umas fichas no shopping sem grandes conseguências, mas não agora. Não existe jogar um pouco, existe jogar e ponto. Estou a apenas uma jogada do inferno, e garanto que se eu estiver num computador sozinho, estou mais próximo ainda.

Outra coisa que ouvi ontem é a importância de se segurar o primeiro impulso. A compulsão em si dura de 5 a 10 minutos, e se você se segurar nesse tempo, você tem grande chance de não ter recaída. Por isso a importância de telefonar pra alguêm quando estiver com a compulsão. Falar a respeito dela e do que você está sentindo para distrair a cabeça por 5 a 10 minutos é o suficiente. Eu trabalho com programação, ligado 100% do tempo na internet. Para somar às minhas dificuldades ainda tenho facilidade de achar sites com download de jogos em apenas alguns minutos, baixar e jogar com uma conexão empresarial extra-rápida, tudo fica em menos de 10 minutos. Mas agora, sabendo disso, sempre que bater a vontade (que não são poucas vezes) vou sair da frente do computador. Vou levantar e tomar uma água, bater um papo com quem estiver perto, telefonar pra minha esposa, sei lá. O fato é que se eu não tenho certeza de que não vou conseguir instalar algo no meu computador, então tenho que sair de perto dele. É especialmente duro trabalhar pensando nisso tantas vezes, mas se é assim que vai ser, então tenho que me conformar. Se eu me segurar pelos 10 minutos, talvez 15, eu me seguro por mais aquele dia.

Estou fazendo um paralelo de tudo o que aconteceu com a minha vida, e de como e o quê o jogo destruiu, e me vem um pensamento paradoxal. Em tantos e tantos jogos eu sempre me via numa situação difícil, e depois de ralar muito saía por cima. Claro que isso tava no script do jogo e era programado, mas hoje estou acreditando que isso é possível na vida real. Sem passe de mágica, sem megalomania, sem ilusões, apenas trabalhando muito e vivendo um dia após o outro. Acredito que se eu ralar muito, não cometer os mesmo erros e me manter afastado das ilusões, vivendo só no mundo real, as coisas podem voltar ao normal, ou perto disso. Como eu falei antes, são mais esperanças do que qualquer outra coisa, mas graças a deus que elas não morreram, estão aí para me fazer acreditar num futuro bom. Então o jogo que destruiu tudo poderia ter me ensinado algo? Será que eu aprendi com o jogo que se você trabalhar muito as coisas comecem a dar certo pra você? Isso é muito estranho e não tenho respostas pra isso agora. É difícil hoje dar qualquer crédito que seja ao jogo. É apenas algo que quer me manter longe.

O fato é que quanto mais escrevo (pelo tamanho dos posts da pra perceber ;-) ) e falo a respeito, mais afastado consigo me manter. Falo bastante com a minha esposa e falo no JA, e aconselho isso a todo mundo que passa pelo mesmo problema. Não tenha vergonha de falar sobre isso com alguém de sua confiança, mesmo que isso possa abalar essa confiança. Sozinho você só adia o desmoronamento de tudo, mas junto com alguém (JA é um ótimo exemplo) você tem chances, e com certeza consegue sair e controlar, mesmo que isso possa causar o desmoronamento imediato. Entre o risco de um término imediato mas com chances de ter um "depois", e a certeza de um término a longo prazo, escolho cem vezes a chance do "depois".

 

O Grande vilão - MMORPG

 

Continuando a história que parei com os jogos de estratégia (Starcraft, Warcraft, Civilization etc) o próximo estilo da lista são os MMORPG (Massive Multiplayer On-Line Role Play Games). Em tradução livre seria algo como: jogos de interpretação online e massivo para múltiplos jogadores. Tradução horrível, mas significa que são jogos de RPG (representação de personagens) em que inúmeras pessoas se conectam no mesmo "mundo" e interagem entre si.

O jogo que eu joguei era o Ultima Online. Devo ter passado perto de um ano jogando muitas horas por dia, ou melhor, muitas horas por noite e madrugadas. É um jogo clássico de RPG. Você cria um personagem, um avatar, e é transferido para o universo do jogo. Seu personagem pode ser um guerreiro, mago, comerciante, fabricante de armas e armaduras, mineiro, lenhador, e provavelmente qualquer profissão que você possa imaginar num mundo medieval fantástico. Qualquer ambição que você tenha na vida real pode ser transferida de alguma forma pra dentro do jogo.

Para desenvolver seu personagem você pode passar centenas de horas jogando de fato, ou utilizar programas que fazem seu personagem treinar automaticamente. Quanto melhor você configura esses programas, mais rápido seu personagem se fortalece. Mas para jogar de fato você gasta horas e horas explorando terrenos, florestas, cavernas, combatendo monstros, comprando e vendendo itens, etc. A quantidade e diversidade de opções do que se pode fazer lá dentro é descomunal.

Até aqui nada de mais, não fosse o fato de que a grande maioria das pessoas que você encontra (todo mundo exceto os vendedores de itens nas cidades) são outros jogadores reais que estão em outro ponto do Brasil (ou do mundo), também representando seus personagens, fortalecendo-os para poder participar de aventuras ou adquirir itens cada vez melhores.

Nesta época eu morava numa república com 7 pessoas, sendo 5 jogadores de UO, e 3 deles totalmente viciados. Tínhamos 4 computadores ligados em rede, onde passávamos 12 horas por dia no jogo, e as outras 12 horas o computador ficava ligado rodando os programas que fortaleciam automaticamente os personagens. Passamos provavelmente vários dias aprimorando esses programas para nos tornarmos cada vez mais poderosos.

Esse jogo tem a capacidade de fornecer todas as emoções e sentimentos que um ser humano precisa:

 

1) interação com outros seres humanos - o ser humano é um ser social, e precisa se socializar. Num mundo virtal com milhares de jogadores simultâneos você inevitavelmente faz amizades, ganha inimigos, respeita alguns jogadores e é respeitado por outros, tudo o que a interação social traz pra você no mundo real.
 

2) trabalho para crescer - você as vezes precisa trabalhar por horas e horas para se ter uma recompensa, exatamente o que acontece na vida real com os empregos. É maçante, é chato, muitas vezes você queria estar longe, mas você faz porque sabe que é importante e que vai render frutos.
 

3) ambições e objetivos - como o universo de opções de personagens é gigante, você pode ser qualquer coisa dentro do jogo. Comerciante, guerreiro, chefe de um clã, colecionador de itens, de casas, etc. Basta definir seu objetivo e ir atrás. Qualquer semelhança com os sonhos da vida real de todo mundo como o da casa própria, trabalhar com o que você gosta e ter um dia excitante atrás do outro por toda a vida não é mera coincidência.
 

4) apegos emocionais - tudo aquilo que você conquistou no jogo, uma arma, respeito dos outros jogadores, várias casas, etc é fruto do seu trabalho. Aquilo é seu e você pensa naquilo toda hora.

Esses são os quatro pontos que eu considero principais, mas não são os únicos. E qual a motivação de 3 marmanjos de mais de 20 anos para ficar 12 horas sem sair de casa, sem ir na faculdade, sem fazer nada a não ser ficar olhando seus personagens crescendo em poder, ao invés de investir esse tempo todos construindo algo na vida real? O JOGO É MAIS FÁCIL QUE A VIDA REAL. Em 3 meses é possível, com esta carga de trabalho, nos tornarmos uns dos 20, 30 personagens mais poderosos daquele universo, ganhar respeito, construir casas e castelos, acumular uma quantidade gigantesca de dinheiro e itens raros, a ponto de começarmos a distribuir o dinheiro de graça pra ganhar mais reconhecimento dos jogadores, etc.

Para 3 pós-adolescentes, que não aguentaram a pressão de uma faculdade de ponta de exatas, que bombaram em váárias matérias, que estão naquele momento em especial se sentindo um lixo, sentindo que não vencerão nunca na vida, encontrar um lugar que podem se tornar ricos, conhecidos, talvez até temidos, por centenas de outras pessoas em 3 meses, é uma perdição, um prato cheio, algo impossível de resistir.

E infelizmente isso não foi privilégio nosso não. A quantidade de viciados nesse tipo de jogo só cresce a cada ano. Claro que não é interessante para ninguém da indústria do entretenimento falar a respeito, pois seus jogos movimentam literalmente bilhões por ano, mas as histórias não são poucas. Os casos mais conhecidos são de coreanos que morreram jogando o Everquest, jogo com os mesmo princípios do Ultima Online mas com mais jogadores. O jogo já ganhou até um apelido, "Evercrack", de tão viciante que é. Claro que as pessoas que não tem a compulsão falam isso em tom de brincadeira, mas para alguém que tenha, a combinação é uma bomba. Relacionado ao Everquest existem várias histórias horríveis, como morte após mais de 50 horas seguidas de jogo, morte do filho pequeno pois os pais viciados esqueceram dele, suicídio por perder uma arma muito poderosa, ataques epiléticos seguidos de contusão fatal etc. Melhor parar por aqui.

Ao ler sobre esses casos percebe-se mais um agravante da doença. Ela é progressiva. Significa que todos os compulsivos, em maior ou menos velocidade, e sem acompanhamento, tem a chance de chegar nesse ponto. Minha salvação foi o emprego e o casamento. Não quero pensar no que seria da minha vida hoje se não tivesse parado, pelo menos parado com a inércia de horas e horas diárias de jogo.

Hoje em dia a versão warcraft (World of Warcraft) e a versão star wars prometem desbancar todos os outros jogos do tipo, sendo que o World of Warcraft já rendeu até um episódio do South Park retratando de forma engraçada (ou terrível) o que o jogo faz com as pessoas. Mas sem complicar as coisas, o negócio é simples:
- Esse tipo de jogo dá muito dinheiro pois cada um dos milhões de jogadores pagam uma mensalidade para jogar, ao invés de comprar o jogo e gastar dinheiro uma só vez.
- Tem menos problemas de pirataria, já que a chave do jogo original deve ser usada para se jogar online, e essa chave não pode ser duplicada.
- O jogo precisa ser apelativo o suficiente para que as pessoas continuem pagando todos os meses, independente dela jogar uma hora por semana ou quarenta.
- Os compulsivos tem a mesma chance de começar a jogar que todas as outras pessoas.

Assim, como o problema da compulsão não é divulgado e conhecido, os jogadores se acabam no jogo, eles não sabem o que está acontecendo, amigos e familiares não sabem o que está acontecendo, e as vidas deles começam a ir pro buraco. Estamos na era da informação e ninguém fala a respeito disso. Pelo menos alcoolismo, tabagismo e drogas já está bastante divulgado. Falta agora as outras bastante frequentes que são jogos de azar, comida e jogos eletrônicos (sem falar de outras que devem existir por aí mas que não devem ser reconhecidas como tal). O que eu mais gostaria era de saber que tinha a doença em 1998, e não em 2007. Não é tarde demais, mas é um tempo ridículo perdido.

Uma das coisas que eu mais quero é recuperar o tempo perdido jogando. Seu eu trabalhar com o dobro de energia, de ambição, de motivação, eu recupero esse tempo em 5 ou 6 anos. É possível manter essa motivação por 5 ou 6 anos? Não sei, mas tenho certeza de que é possível por 24 horas.

 

MENSAGEM PARA O BLOG

 

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Primeiro agradeço a todos que mandaram mensagens de apoio e compreensão. Isso ajuda e muito a dar força para todos os dias conseguir me manter o mais longe possível. Difícil dizer hoje à quanto tempo estou sem jogar, porque não consegui definir exatamente o que faz parte do vício e o que não faz. Será que jogar paciência pode me levar para uma recaída? Será que jogar scrabble com a minha esposa pode me levar a uma recaída? A única coisa que posso dizer é que faz muito tempo que não perco horas do meu dia preso no jogo, e isso é uma grande vitória. Cada mensagem de apoio, cada conversa com outras pessoas a respeito me faz ficar cada vez mais certo que de tenho de ficar longe do jogo.

O que o jogo quase me tirou não tem nenhum jogo que me fizesse sentir nem remotamente parecido. A realidade, suas conquistas, seus amigos, familiares e esposas (namoradas, rolos etc) são insubstituíveis. Claro que você se enfia mais ainda no buraco para não lembrar que sua vida está indo pro buraco, mas é preciso ser forte, é preciso romper o círculo vicioso.

Das mensagens que deixaram no blog, vou falar de duas em particular. Responderia por e-mail, mas elas foram deixadas anonimamente.

1) "O que comentar disso ae? Na verdade senti tristeza da pessoa que escreveu, e nenhuma pena para as pessoas que se tornam viciadas. Quando é que o mundo vai entender q a CULPA dos nossos atos são só NOSSAS? Quando é que as pessoas vão entender q o pior(melhor?) dos nossos problemas é q ngm tem nada com isso?Ngm nem vc que escreveu é VÍTIMA de nada. Se vc é compulsivo, vc será com UO, com Sexo ou com qualquer outra coisa. Vá se tratar. A culpa é sua, não dos jogos. Eu jogo MMORPG e outros jogos como vc citou, Starcraft entre outros, tenho uma namorada, meu relacionamento está ótimo, curso psicologia numa universidade federal difícil e minha vida familiar é bem agradável. Acho que vc deveria apontar para outras causas e problemas. Vício existe em qualquer lugar, e todo vício estraga a vida das pessoas. Sendo de crack como sendo de computador. Mas o crack e o computador nao matam as pessoas, são elas mesmas que optam por fazê-lo. "

Acho que ele está certo em quase tudo o que ele falou, mas tem vários poréns na história:
- A culpa de nossos atos são nossas, mas existem pessoas mais ou menos propensas a se desviar do comportamento considerado "normal" pela sociedade. Ninguém é culpado por eu ser um viciado em jogos eletrônicos, assim como outros são viciados em cigarro, bebida, sexo, etc. Mas o vício é realmente um doença, e você só se percebe um viciado quando ela começa a atrapalhar sua vida. Não devemos proibir a bebida porque existem pessoas com propensão a serem alcoólatras, não devemos proibir os jogos de entretenimento porque existem pessoas que não conseguem jogar eles normalmente, mas precisamos que todos saibam e acreditem que essa doença existe. Se você não tem a propensão para este vício ou para algum outro, eu realmente fico muito feliz. Mas eu, bem como tios alcoólatras, primos que estão a volta com drogas, parentes próximos que também tem problemas com jogos, tenho. E isso não deveria te trazer tristeza ou pena, e sim preocupação. Os problemas de cada um são exclusivamente de cada um, mas é muito mais fácil resolvê-los ou contorná-los com a ajuda de outras pessoas. As que te querem bem nunca vão recusar essa ajuda. Uma frase famosa: "no man is an island". Pense nisso.

2) "Olá, Estou com um grande problema com meu namorado (quando não fica como ex por motivo do jogo). Ele admite estar viciado, mas nada faz pra mudar....aí daqui a pouco muda de opinião e acha que não é vício e que eu estou exagerando...ele já não nota nem que chego em casa..se eu não falo nada ele fica sentado ali até a hora de ir pra aula (isso ele ainda faz). Tentou algumas vezes várias alternativas (diminuir o jogo, não mais jogar, ) mas nenhuma deu certo...e o último acontecimento foi ele mentir pra mim que não havia entrado no computador e eu descobrir que dez minutos antes de ele me dizer isto ele havia baixado um tal jogo “Call of Duty”. Que ele havia comentado um dia antes e eu o lembrei que tínhamos os dois um acordo a cumprir, mas ele mentiu.....DAÍ PIREI...O QUE MAIS PODERÁ MENTIR. PRECISO DE AJUDA. SERÁ QUE É SÓ SOBRE O JOGO QUE ELE PODE MENTIR OUTRAS COISAS. NÃO SEI MAIS O QUE FAZER. AMO ELE DEMAIS, MAS TÔ COMEÇANDO A PIRAR JUNTO COM ELE.....O QUE POSSO FAZER???? "

Olá. Gostaria de responder em particular esta mensagem, mas você não deixou um e-mail. Eu me identifico muito com esta descrição do seu problema. Graças a deus ele ainda consegue frequentar as aulas, o que o tira do mundo cativante dos jogos. A mentira é o grande deslize, de longe, dos viciados. Mas te garanto que ele está mentindo muito mais pra ele mesmo que pra você. Ele quer acreditar, e acredita, em tudo o que fala, para não encarar de frente o problema. Tenho certeza absoluta que ele, quando prometeu baixar o jogo, tinha muita confiança de que realmente não baixaria. E quando ele resolveu baixar, tenho certeza que ele tinha a intenção de jogar apenas alguns minutos pra não pensar muito a respeito. Mas é mais forte que a gente. A mentira é para esconder nossa fraqueza, nossa vergonha de não ter mantido a palavra, ou para tentar adiar a bola de neve de mentiras que se forma e cresce dia após dia.

Não quero defender, ou me fazer passar por um sábio que tem todas as respostas, posso só te falar da minha experiência com jogos e mentira.

Quando ainda não sabia que tinha o vício, e achava que passar 3 anos da minha vida sem sair de casa, sem ir na faculdade, e assim jogar a faculdade no lixo era culpa de uma depressão, nunca pensei em parar de jogar seriamente. Achava que a única coisa que me mantinha viva era o jogo, então não tinha porque parar com ele. Só não percebi que o caminho era o contrário, o que me fazia jogar a vida no lixo e me deixava depressivo com o resultado das minhas não-conquistas era justamente o jogo.

Quando parei de jogar porque arranjei um trabalho, e pouco depois comecei a namorar a minha esposa, não pensei mais no assunto e achei que tinha se comprovado minha tese. Como minha vida tinha se arrumado, e eu parei de jogar, então tudo estava OK. Mas sempre teve uma coisinha. Um joguinho simples online de futebol, os contatos antigos de jogos que eu não jogava mais, essas coisas, mas como tudo estava perfeito na minha vida, não prestei atenção mais aos jogos. Era tudo muito mais divertido que qualquer jogo que eu joguei ou jogaria.

Começando as dificuldades financeiras normais de um casal, comecei a precisar novamente de uma fuga. Tudo continuava perfeito na minha vida, menos a conta do banco. Aí voltei aos poucos a olhar o mundo dos jogos de novo, meio de longe. Nessa época eu decidi dezenas de vezes que não ia mais jogar nada, nem joguinho de celular. Durante alguns dias, semanas até, eu conseguia. Aí eu me convencia que o problema não era tão grande, e que eu estava fazendo tempestade em copo d'água. Aos poucos ia jogando uma coisinha aqui, lendo sites de jogos ali, e baixando uma outra coisa. Aí batia a consciência pesada e eu tomava de novo a decisão de não tocar mais em nada. Funcionou durante anos. Descrevo nos outros posts bastante do que aconteceu.
Aí na última recaída grave, tudo quase foi para o saco. Graças a deus que eu tinha a pessoa especial que tenho ao meu lado. Ela é a pessoa mais forte que eu conheço. Graças a ela e a quanto eu não quero ficar sem ela que hoje consigo ficar mais e mais longe da recaída.

No site dos jogadores anônimos (link na coluna lateral), existem as famosas 20 perguntas, que eu livremente altero para abarcar a realidade dos jogos de entretenimento sem retornos financeiros:
1. Você já perdeu horas de trabalho ou da escola devido ao jogo?
2. Alguma vez o jogo já causou infelicidade na sua vida familiar?
3. O jogo afetou a sua reputação?
4. Você já sentiu remorso após jogar?
5. Você já deixou de fazer necessidades básicas (comer, dormir, ir ao banheiro) porque estava jogando?
6. O jogo causou uma diminuição na sua ambição ou eficiência?
7. Após ter perdido muitas partidas você se sentiu como se necessitasse voltar o mais cedo possível e jogar até ganhar?
8. Após ganhar partidas você sentiu uma forte vontade de voltar e continuar ganhando?
9. Você geralmente jogava até que o sono te obrigasse a parar?
10. Você já perdeu importantes oportunidades na vida porque estava jogando?
11. Alguma já perdeu amigos ou namorados(as) porque preferia jogar?
12. Você relutava em usar o tempo livre para as atividades fora do jogo?
13. O jogo o tornou descuidado com o seu bem estar e o de sua família?
14. Alguma vez você já jogou por mais tempo do que planejava?
15. Alguma vez você já jogou para fugir das preocupações ou problemas?
16. Alguma vez você já cometeu, ou pensou em cometer um ato ilegal para passar mais tempo jogando?
17. O jogo fez com que você tivesse dificuldades para dormir?
18. As discussões, desapontamentos ou frustrações fizeram com que você tivesse vontade de jogar?
19. Alguma vez você já teve vontade de celebrar alguma boa sorte com algumas horas de jogo?
20. Alguma vez você já pensou em se auto-destruir como resultado de seu jogo?

A maioria dos jogadores compulsivos responderão sim a pelo menos sete destas perguntas.